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Promotor venezuelano refugiado: Leopoldo López foi preso com provas falsas. Franklin Nieves conta em vídeo que abandonou país para fugir de pressões do governo.


CARACAS - Fora do país por medo de repressões, o promotor venezuelano Franklin Nieves acusou o governo de Nicolás Maduro de pressioná-lo para prender o líder opositor Leopoldo López com provas falsas. A denúncia foi feita em um vídeo divulgado na noite de sexta-feira por um portal de notícias da oposição. Nele, Nieves assegura que foi um dos funcionários que apresentou a acusação contra López.

Sem informar seu paradeiro, o promotor conta que abandonou o país para fugir das pressões do governo para que justificasse a decisão de uma juíza no processo de apelação do condenado.

“Decidi sair com minha família da Venezuela em virtude da pressão que estava exercendo o Executivo Nacional e meus superiores hierárquicos para que continuasse a defender as provas falsas com as quais se havia condenado o cidadão Leopoldo López. Não conseguia dormir sabendo que estava continuando uma farsa que violava os direitos de López”.

López foi condenado a 13 anos e nove meses de prisão por ter incitado a violência durante uma onda de protestos contra o governo de Nicolás Maduro, em 2014, que deixou mais de 40 mortos. E se organizações de direitos humanos afirmam que López é um preso político, o governo assegura que nas prisões venezuelanas há apenas “políticos presos”.

No Twitter, um dos advogados do opositor, Juan Carlos Gutiérrez, afirmou que a condenação deveria ser revogada, e o réu, libertado.

“Franklin Nieves, promotor do caso, evidencia mais uma vez a ilegalidade da sua condenação, é o resultado de uma fraude processual”, escreveu.

Antonieta Mendoza, mãe de López, também divulgou um vídeo onde afirma que a saída de Nieves do país demonstra que o governo coage os membros do poder judicial.

“O juízo contra López foi a mão do regime querendo eliminar aqueles que o desmascaram”.

Jornais locais e meios oficiais especulavam o motivo que havia levado o promotor a deixar o país, na segunda-feira. Mas, após a confissão, começa a ganhar força a versão de que Nieves fez um acordo com autoridades americanas em troca de proteção. Ele teria levado uma pasta com documentos e provas que confirmam a pressão do governo.

O Globo com agências internacionais
Missão Ushuaia, Venezuela. 24/10/2015.