"A Democracia e o fortalecimento do Estado de Direito são pilares fundamentais da integração regional".

Prisão de outro político da oposição provoca reações na Venezuela. Ex-candidato presidencial havia fugido após ter sido acusado de corrupção por Chávez


Manuel Roseiras, em outubro de 2009. / R. G. P. (AFP)

A procuradora-geral, Luisa Ortega Díaz, já o havia advertido: se regressasse à Venezuela, o ex-candidato presidencial oposicionista, ex-governador do Estado de Zulia e ex-prefeito de Maracaibo,Manuel Rosales, seria preso. Dito e feito: na tarde desta quinta-feira, funcionários da polícia política, a Sebin, e do Ministério Público prenderam Rosales quando chegava em um voo procedente da ilha de Aruba ao aeroporto internacional La Chinita, em Maracaibo (a noroeste da Venezuela).

Rosales vivia no exílio desde 2009. Na época foi para o Peru, que lhe concedeu asilo político. A Procuradoria o acusou em março desse ano de atos de corrupção e enriquecimento ilícito durante sua gestão entre 2000 e 2008 como governador do Estado de Zulia, o mais povoado e rico do país, no trecho mais setentrional da fronteira com a Colômbia.

Em 2006, Rosales, líder do partido social-democrata Um Novo Tempo (UNT), se desligou do governo para se apresentar comocandidato oposicionista à Presidência da República contra Hugo Chávez, que então buscava sua primeira reeleição.

Depois da derrota nessas eleições, Rosales começou a ser alvo de acusações de corrupção formuladas por porta-vozes e órgãos de imprensa governistas. Um relatório da Controladoria Geral da República de julho de 2007 o culpou por diversas irregularidades administrativas e sinais de enriquecimento ilícito, decorrentes da análise das declarações de patrimônio pessoal apresentadas por ele entre 2002 e 2004. Em dezembro de 2008, Rosales foi formalmente acusado.


O dirigente oposicionista, que atribuiu as acusações a motivações políticas, seguiu para o exílio. Depois de passar alguns anos no Peru, instalou-se no Panamá, onde possui imóveis.

Seu afastamento afetou a liderança pessoal de Rosales e de seu partido, a UNT, ambos aparentemente condenados a serem irrelevantes no conflito político venezuelano. Por fim, em 8 de outubro ele anunciou, por meio de uma gravação divulgada entre seus seguidores, que se dispunha a voltar à Venezuela no dia 15. “Há muito tempo vejo o meu povo humilhado”, dizia no pronunciamento, acompanhado ao vivo por milhares de partidários concentrados então em Maracaibo, bastião eleitoral de Rosales e cidade em que sua mulher, Eveling Trejo de Rosales, é prefeita.

Rosales se propunha hoje, na chegada, a ir até a Basílica da Virgem de Chiquinquirá —patrona de Zulia e uma das representações marianas mais populares do país –para, em seguida, se encontrar com os militantes e simpatizantes da UNT em uma manifestação pública na avenida 72 de Maracaibo.


No entanto, 15 agentes da polícia o esperavam no aeroporto para prendê-lo. Rosales será transferido para a sede do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) em Caracas para sua apresentação perante o Tribunal 19 de Controle da Área Metropolitana, onde está o processo de seu caso.

De acordo com diversas testemunhas, durante a operação de captura de Rosales os agentes da polícia apreenderam os telefones celulares das pessoas presentes que pudessem ter gravado a prisão com suas câmeras. Também retiveram as equipes dos repórteres da CNN em Espanhol e do canal colombiano NTN24, que estavam no local.

Fonte: El País
Missão Ushuaia, Venezuela. 17/10/2015.