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Maduro anuncia fechamento de novo setor na fronteira Venezuela-Colômbia


Fechamento vale a partir da manhã de sábado e irá mobilizar 3 mil homens. Presidente quer reunião para discutir soluções com colega colombiano

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta sexta-feira (28) o fechamento de um segundo trecho da fronteira com a Colômbia no estado de Táchira, um dia depois de os dois governos chamarem para consultas seus embaixadores após o fechamento de um primeiro trecho. 

"Decidi fechar a fronteira da zona de número 2 do estado de Táchira para limpar o paramilitarismo, a criminalidade, o contrabando, os sequestros, o narcotráfico", disse Maduro, em um ato público em Caracas. Em um discurso acalorado, 

Maduro explicou que o fechamento, que afeta os municípios de Ayacucho, Lobatera, Panamericano e García de Hevia, entrará em vigor a partir das cinco da manhã de sábado e que mobilizará "3 mil homens para procurar paramilitares até debaixo das pedras".

Trata-se do segundo setor fronteiriço deste estado que o presidente decide fechar, depois do anúncio de fechamento, na semana passada, de uma primeira zona composta por seis municípios, de decretar o estado de exceção e de deportar mais de mil dos cinco milhões de colombianos que vivem em território venezuelano com o argumento de que a fronteira está tomada pelos paramilitares colombianos. 

Maduro adotou estas medidas dias depois de um ataque a tiros de indivíduos não identificados que deixou três militares e um civil venezuelanos feridos, quando realizavam uma operação de combate ao contrabando. As chanceleres Delcy Rodríguez (Venezuela) e María Angela Holguín (Colômbia) se reuniram na quarta-feira passada em Cartagena, no Caribe colombiano, mas os governos de Caracas e Bogotá elevaram o tom da crise na quinta ao chamar a consultas seus respectivos embaixadores.

 

Maduro, no entanto, também pediu nesta sexta a seu colega colombiano, Juan Manuel Santos, que se reúnam para buscar soluções ao conflito entre os dois países. 

O presidente venezuelano sustenta no lucrativo contrabando na zona fronteiriça estão envolvidos paramilitares que, aliados com a direita local, buscam desestabilizar seu governo. 

Colômbia e Venezuela dividem uma porosa fronteira de 2.219 km, onde as autoridades dos dois países denunciam a presença de grupos guerrilheiros, paramilitares, narcotraficantes e contrabandistas de combustíveis e outros produtos fortemente subsidiados pelo governo venezuelano. 

ONU 

A ONU pediu nesta sexta-feira à Venezuela respeito aos direitos humanos dos colombianos deportados em meio à atual crise diplomática com a Colômbia, ao mesmo tempo em que se mostrou "preocupada" com a situação humanitária na fronteira entre os dois países. 

"Estamos preocupados com a situação na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela, particularmente com os informes de violações dos direitos humanos que ocorrem no contexto das deportações de colombianos", disse Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, em um comunicado datado de Genebra e divulgado em Bogotá. "Pedimos às autoridades venezuelanas a garantir que os direitos humanos de todas as pessoas afetadas sejam plenamente respeitados, em particular no contexto das deportações. Vamos acompanhar a situação de perto", disse, ainda, o representante da ONU. 

"Fazemos um apelo às autoridades dos dois países para assegurar que a situação se resolva através da discussão e do diálogo sereno, firmemente arraigada em suas obrigações em virtude do direito internacional dos direitos humanos e o direito internacional dos refugiados", acrescentou a ONU, que também se disse disposta a colaborar na resolução do conflito.

Fontes: G1, VTV, TeleSur
Missão Ushuaia, Venezuela 29/08/15