"A Democracia e o fortalecimento do Estado de Direito são pilares fundamentais da integração regional".

Símbolo da repressão venezuelana assina superbandeira de protesto. Escritor Carlos Javier Arencibia percorre Venezuela levando a bandeira.


 Betania Farrera, sendo levada pela Policia Bolivariana em 2014, durante protestos de Rua.

“A repressão interna se agudiza. Às 4h da manhã põem pronunciamentos do defunto presidente Hugo Chávez a um volume altíssimo, tanto que chega a ser denunciado por vizinhos do presídio. As revistas pessoais se tornam constantes: três vezes ao dia. Desnudar-se e abrir as pernas é parte do cotidiano. Betania pede permissão para ir ao banheiro, mas não deixam e ela urina. Como castigo, recebe pancadas em todo o corpo com um porrete forrado de borracha para evitar hematomas. (Nos Porões de Maduro, Janaína Figueiredo - O Globo, reportagem sobre o livro de Carlos Javier, Testemunhos da Repressão)

Betania durante protestos em 2014

Sabe aquela bandeira do Mercosul que foi enviada pelo documentarista brasileiro Dado Galvão para percorrer a Venezuela e colher um grande abaixo assinado contra o presidente Nicolás Maduro? Betania Farrera, vítima da repressão e presa durante 35 dias em 2014, a assinou. O escritor e jornalista caraquenho Carlos Javier Arencibia leva a bandeira para todos os cantos da Venezuela. As pessoas a assinarão e depois ela voltará ao Brasil como um emblema da luta contra o chavismo com seu autoritarismo, sua inflação estimada em 700% e o desabastecimento do país.



8 de junho de 2016, Betania escreve menagem na bandeira do Mercosul, 
conduzida na Venezuela pelo escritor Carlos Javier.


Enquanto isso, as últimas informações da crise na Venezuela são estas: as autoridades eleitorais venezuelanas devem definir o processo de validação de assinaturas que ativarão o referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro, primeiro passo da oposição em uma difícil e acelerada corrida para fazer com que a consulta aconteça ainda em 2016. A oposição informou que o poder eleitoral definirá o dispositivo e a data para ratificar as assinaturas, depois de ter anunciado na terça-feira que 1,3 milhão são "válidas", do total de 1,8 milhão apresentado em 2 de maio para abrir o processo, embora apenas 200 mil (1% do colégio eleitoral) fossem necessárias. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) pode estabelecer o prazo de confirmação das assinaturas - que deve acontecer em cinco dias com máquinas que comparam as impressões digitais - para 16 a 20 de junho, segundo uma versão extraoficial com a qual trabalha a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD). "Esta não é uma corrida de 100 metros rasos. Se o CNE não publicar o período de validação nesta quarta-feira, voltaremos a nos mobilizar", afirmou o ex-candidato à presidência Henrique Capriles, que na terça-feira liderou uma passeata, dispersada com gás lacrimogêneo pela polícia. A MUD acusa o CNE de ser aliado do governo e retardar o processo para evitar que o referendo ocorra antes de 2017 - quando o mandato presidencial completará quatro anos -, pois se a votação for organizada este ano e Maduro for derrotado, novas eleições serão convocadas. Com uma votação no próximo ano, em caso de derrota ele seria substituído pelo vice-presidente, que é indicado pelo presidente a qualquer momento. O secretário executivo da MUD, Jesús Torrelba, afirmou que "é perfeitamente possível, do ponto de vista técnico", que o referendo revogatório aconteça "no mais tardar em outubro". Em seu programa televisão na terça-feira à noite, Maduro afirmou que "mais de 30% do pacote (de assinaturas) que entregaram é ilegal e defeituoso", razão pela qual o pedido de referendo revogatório "está invalidado". Mas se a oposição alcançar o objetivo de retirá-lo do poder, Maduro advertiu: "Mais cedo que tarde, viremos por vocês e a revolução vai acontecer, de outra forma, mas vai acontecer". Várias pesquisas revelam que seis ou sete em cada 10 venezuelanos apoiam um referendo e uma mudança de governo. A tensão social cresceu nos últimos meses com o agravamento da escassez de alimentos e remédios, e com o aumento do custo de vida, já que a Venezuela registra a inflação mais alta do mundo, de 180% em 2015. Um dos representantes da MUD ante o CNE, Vicente Bello, disse que o poder eleitoral poderia publicar em seu site um formulário para que os "arrependidos" possam expressar seu desejo de serem excluídos do processo, uma fase não abrangida pelo regulamento e que - mesmo sem a confirmação do CNE - a oposição considera como uma forma de intimidação. Depois de passar o processo de ratificação das primeiras assinaturas, a oposição deverá coletar mais 4 milhões (20% do registro eleitoral) para finalmente convocar o referendo.