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Madri convoca embaixador da Venezuela após ‘insultos’ de Maduro a Rajoy, premier espanhol.


Durante discurso televisionado, Maduro criticou medidas de ajuste econômico exigidas da Grécia por líderes europeus, e os chamou de “sicários”, citando o premier espanhol MADRI 

MADRI — O ministério das Relações Exteriores espanhol convocou nesta segunda-feira o embaixador da Venezuela na Espanha, Mario Ricardo Isea, para consulta por causa de “insultos inaceitáveis” ao primeiro-ministro Mariano Rajoy. No domingo, Nicolás Maduro chamou Rajoy de “sicário” durante um discurso televisionado, gerando mal-estar entre os governos.

— O Governo espanhol lamenta que o Presidente da República Bolivariana da Venezuela recorra repetidamente a declarações desrespeitosas — disse o ministério em um comunicado.

Isea foi recebido no Palácio de Santa Cruz, sede do ministério, pelo diretor-geral para a região ibero-americana, Pablo Gómez de Olea, que lhe comunicou a firme rejeição do governo pelas “afirmações e adjetivos injuriosos” de Maduro. A reunião durou pouco mais de 15 minutos e, na saída, o embaixador venezuelano não quis responder às perguntas dos jornalistas.

Em um discurso televisionado no domingo, Maduro criticou as medidas de ajuste econômico exigidas da Grécia por líderes europeus, e os chamou de “sicários”, citando nominalmente o premier espanhol. O presidente também reagiu com veemência à visita de vários senadores espanhóis a Caracas.

— Aí (na Grécia) vai acontecer algo. Outro sicário da Europa é Rajoy. São sicários; Rajoy é um sicário do povo — disse Maduro, se referindo à lei conhecida como “lei da mordaça”, aprovada na Espanha e muito criticada pela oposição que a considera um ataque à liberdade de expressão.

Essa não é a primeira vez que Isea é convocado. A última vez foi em abril, depois que o próprio Maduro acusou Rajoy de ser “racista”. Na ocasião, a diplomacia espanhola classificou as declarações como “intoleráveis”.

Fontes: O Globo e agências internacionais, TV estatal venezuelana. 
Missão Ushuaia, Venezuela. 28 de julho de 2015.

Venezuela pode ficar sem cerveja em duas semanas.

A Cervejaria Polar, responsável por até 80% da produção da Venezuela. 

Além dos alimentos, remédios e autopeças, agora a Venezuela sofre com a escassez de cerveja. A bebida, tão apreciada no país, vem faltando e corre o risco de sumir totalmente do comércio dentro de poucas semanas, caso nada seja feito para reverter a situação. Como reflexo da crise, o diretor geral da Federação Venezuelana de Licores e Afins foi preso.


A falta de cerveja é reflexo da falta de dólares preferenciais, que são liberados pelo governo venezuelano. Falta matéria-prima para a produção da cerveja e da “malta”, uma bebida não alcoólica que é bastante consumida por aqui, sobretudo por crianças e adolescentes. Há meses o governo não facilita o crédito em moeda estrangeira às empresas, entre elas as cervejarias, por isso elas não conseguem comprar no exterior os produtos necessários a uma taxa de câmbio aceitável, o que origina a falta quase tudo no país.

De acordo com o principal fabricante de cerveja do país, o estoque de cevada, malte e lúpulo é suficiente para mais duas semanas de produção. Depois não há previsão de quando será possível reabastecer as empresas e saciar o público que aprecia uma cervejinha. Ou seja, agora em agosto, que é um mês de férias, é alta a probabilidade de que falte cerveja no país. Antes era possível comprar cerveja por engradado, mas agora as adegas só vendem a bebida por unidade. Os fiéis consumidores da cerveja estão preocupados já que, em um país onde o panorama é tenso, a bebida serve como um relaxante momentâneo, ainda que pese no bolso.

Desde a última sexta-feira, o diretor geral da Federação Venezuelana de Licores e Afins (Fevelif) está preso. Ele foi levado preso por funcionários do Sebin (Serviço de Inteligência Bolivariana) dois dias após ter anunciado que as distribuidoras de bebidas estão em estado de “emergência” e que uma greve estava sendo organizada para quarta-feira desta semana.

Desemprego

A paralisação é motivada pela possibilidade da falta de cerveja, que é o principal produto comercializado pelas bodegas do país. Outros diretores da Fevelif informaram que Fray Loa possivelmente será apresentado hoje ao tribunal, mas que até o momento desconhecem o motivo pelo qual o diretor geral da Federação foi levado preso e tampouco de qual crime o acusam. Antes de ser preso, Fray Loa informou que sete estados da Venezuela estão sem cerveja e sem malta, e quatro fábricas de bebidas estão paralisadas.

"O venezuelano pode comprar: 3 sabonetes em uma semana (se encontrar), mas na há limites para embriaguez. Racionar e ver se assim, reage o meu país.Circo e cana, por isto estamos como estamos". Arte: @Untal_Ro 

Além da insatisfação do consumidor, há os reflexos econômicos deste freio obrigatório no consumo. A escassez da bebida mais popular do país pode acarretar no fechamento de fábricas de produção e também no de 8 mil bodegas em todo o país. Sem contar com a perda de empregos indiretos, ou seja, daqueles que trabalham no transporte do produto, nas empresas produtoras de embalagens, no setor de bares e de restaurantes - estes já bastante afetados pela falta de carne, farinha e outros produtos.

Por consequência, milhares de pessoas podem ficar desempregadas justamente em um período em que o país enfrenta uma altíssima inflação que a cada dia corrói o poder de compra dos venezuelanos.

Embora a Venezuela produza rum de altíssima qualidade, muitos deles inclusive premiados, a cerveja é a bebida alcoólica preferida dos venezuelanos. Aqui na Venezuela a população consume mais bebida alcoólica que no Brasil. O consumo per capita de álcool entre os venezuelanos é de 8,9 litros. Já entre os brasileiros, é de 8,7 litros por pessoa, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Antes, em tempos de vacas gordas, o venezuelano preferia o whisky à cerveja. Depois foi a vez do vinho, cujo preço de uma simples garrafa subiu a quase o equivalente a um salário mínimo. Se a situação continuar assim, a alternativa vai ser brindar com água.

Fontes: Elianah Jorge, correspondente da RFI Brasil em Caracas, @Untal_Ro
Missão Ushuaia, Venezuela. 27/07/2015.