"A Democracia e o fortalecimento do Estado de Direito são pilares fundamentais da integração regional".

"Maduro alerta ONU para violência política na Venezuela ante as eleições".

Arte: UntalRo

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pediu nesta terça-feira ao mundo que fique "muito atento a qualquer tentativa de se violentar a vida política" de seu país nas eleições de dezembro próximo, durante discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas.

"Peço ao mundo que fique muito atento a qualquer tentativa de se violentar a vida política da Venezuela", disse Maduro em referência às eleições parlamentares previstas para 6 de dezembro.

Segundo Maduro, "tudo está preparado para que o sistema eleitoral venezuelano, que de acordo com o ex-presidente (americano James) Carter é o sistema mais transparente e completo que ele conhece no mundo, permita que se expresse a vontade do nosso povo".

Em seu discurso como presidente no plenário da Assembleia Geral, Maduro afirmou que a Venezuela vai "demonstrar" nestas eleições sua "vocação democrática e pacífica".

Nas eleições de dezembro para definir a composição da Assembleia Nacional, a oposição poderá ganhar a maioria legislativa, algo inédito em 16 anos de chavismo, segundo as pesquisas.

A Venezuela atravessa tensões políticas internas que se acentuaram com a condenação do líder opositor Leopoldo López, sentenciado a 13 anos e nove meses de prisão por incitar os protestos contra o governo de Maduro, que deixaram 43 mortos entre fevereiro e maio de 2014.

Maduro denunciou uma operação que "pretende fomentar conflitos nas fronteiras com Colômbia e Guiana", em referência à crise dos deportados e à disputa pela região de Esequibo, respectivamente.

"Definimos, com o presidente [da Colômbia] Juan Manuel Santos, um caminho para afastar as provocações, as ameaças e os ataques de paramilitares e narcotraficantes contra a Venezuela, e estamos realizando isto".

Em relação à Guiana, Maduro disse que "a diplomacia da paz nos permitiu canalizar, com sucesso, os passos para a reivindicação histórica que a Venezuela tem desde 1835", em referência ao acordo alcançado no domingo, em Nova York, com o presidente David Granger para o retorno dos embaixadores.

Segundo o presidente venezuelano, a ONU estabeleceu uma comissão técnica para abordar a disputa territorial entre os dois países.

Apesar das palavras de Maduro para desescalar o tom da disputa, o presidente Granger acusou a Venezuela, ante a Assembleia Geral nesta terça-feira, de ter "ambições expancionistas" e de pretender "desestabilizar a região".

"As ambições expancionistas da Venezuela não podem ser permitidas", disse Granger, denunciando "um caminho de intimidação e agressão.

Maduro reivindicou também a suspensão do decreto assinado em março passado pelo presidente Barack Obama, que qualifica a Venezuela de "ameaça" aos Estados Unidos.

"O decreto deve ser anulado porque ameaça minha pátria, ameaça nosso país", afirmou.

A medida de Obama impõe sanções a sete funcionários venezuelanos acusados de denunciar os direitos humanos.

Por fim, Maduro dedicou uma longa passagem de seu discurso à guerra civil na Síria, um "filme de terror", segundo ele, no qual as Nações Unidas "está em tempo de deter uma tragédia maior" após seus fracassos no Afeganistão, no Iraque e na Líbia em uma década e meia.

"As Nações Unidas devem acordar, devem reagir perante o drama da Síria", afirmou, em alusão ao conflito que dura mais de quatro anos e meio e custou a vida de 240.000 pessoas.

Neste âmbito, Maduro apoiou a "proposta" feita na segunda-feira na Assembleia geral da ONU pelo presidente russo, Vladimir Putin, para formar uma "ampla aliança" que inclua o regime do presidente Bashar Al Assad para combater os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI).

Fonte: AFP
Missão Ushuaia, Venezuela. 30/09/2015

Refugiada no palácio. A crise dos refugiados é terrível, e é terrível a carona que os humanistas de butique pegam nela


Dilma Rousseff afirmou que o Brasil está “de braços abertos” para receber refugiados de outros países. Coração de mãe é uma bênção. Chefiando um governo que não tem onde cair morto, fazendo a população de seu país comer o pão que o diabo amassou numa crise hedionda, a presidenta-mulher encontrou forças para seu aceno solidário ao mundo. A geopolítica das migrações não será mais a mesma depois do brado retumbante de Dilma. A sorte é que o mundo não sabe distinguir solidariedade de pedalada verbal.

Para os não iniciados, vale o esclarecimento: pedalada verbal é quando alguém fala alguma coisa para desviar a atenção de outra. A esperança da presidenta-mulher e de seus mandantes é que a plateia abobada se distraia mais um pouquinho com aquela conversa de coração valente, dando-lhes algum oxigênio extra para a sobrevida no palácio. Dilma discursou sobre os refugiados no 7 de Setembro, escreveu sobre os refugiados em artigo na imprensa, usou seu posto de chefe de Estado na Semana da Pátria para tratar dos refugiados no Oriente Médio. Se alguém na Síriaouviu esse apelo dramático, é capaz de atravessar o Mediterrâneo e o Atlântico a nado para alcançar a salvação petista. Chegando à praia, levará logo uma cravada da CPMF para saber onde está pisando.

Isso é tudo o que restou a Dilma e seu governo moribundo: demagogia sentimental e chantagem emocional. Mas não custa mandar o aviso aos refugiados de todo o planeta: o PT não é solidário nem com a mãe gentil. Depenou a economia popular sugando o patrimônio público e se refugiou no palácio. Quem tentou tirá-los de lá pelas vias normais (o voto) teve seus botes postos a pique por uma artilharia pesada – incluindo roubo da maior empresa nacional para financiar os truques eleitorais, segundo investigação da Operação Lava Jato. Tesoureiros e financiadores da Miss Solidariedade, prezados refugiados, já foram investigados e presos por tirar do povo para dar ao partido. O Brasil está de braços abertos e os brasileiros estão de mãos ao alto.

A crise dos refugiados é terrível, e é terrível a carona que os humanistas de butique pegam nela. A solução entoada pelos traficantes de bondade é fácil: Europa, abra as portas para todo mundo que quiser entrar! Deixe de ser egoísta e xenófoba, socorra os migrantes que estão morrendo no mar! Aliás, por que o mundo não pensou nisso antes? Todo ser humano que vive em dificuldade em seu país pobre e violento deveria se mudar para um país rico e pacífico. Pronto, tudo resolvido! E como fazer para que os mercados e as cidades europeias absorvam as populações deslocadas e a conta continue fechando, com bem-estar social para todos? Ora, se vira, seu capitalista selvagem!

Um dos primeiros países não europeus a anunciar que estava de portas abertas para os refugiados foi a... Venezuela. O companheiro Maduro talvez só fique devendo aos hóspedes o luxo de usar papel higiênico, mas essas necessidades primárias são facilmente substituíveis por uma boa cantilena chavista. Tanto na Venezuela quanto no Brasil, na Argentina, na Bolívia e em todos os países bonzinhos com o chapéu alheio, não existe esse problema neoliberal de fazer a conta fechar. A conta foi privatizada pelos companheiros, eles pedalam quanto quiserem para deixar os números lindos de morrer – e dessa cartola sem fundo fazem aparecer o que quiserem. Até bolsa refugiado.

Foi assim que o Brasil mandou pelos ares o tal grau de investimento, que os petistas informam que não tem a menor importância. Afinal, quem está preocupado com selo de bom pagador? O que importa é o selo de bom falador – capaz até de falar aos corações dos refugiados d’além-mar. Se faltar dinheiro, é só pedir para o Vaccari, ou para o Delúbio, ou para algum ajudante deles que não esteja em situação de xadrez. E, se ainda assim continuar faltando, não tem problema: é só meter a mão no bolso do brasileiro, esse ser pacato e compreensivo.

“As pessoas nem sentem”, comentou o petista José Guimarães, líder do governo na Câmara, sobre a recriação da CPMF. Mão leve é isso aí. E, se o Brasil não se importa com o bolso, melhor entregar logo as calças aos companheiros. Se mudar de ideia, a única saída é não aceitar mais mulher sapiens refugiada em palácio.

Guilherme Fiuza - Época
Missão Ushuaia, Venezuela. 27/09/2015

Direitos humanos são violados – e o Brasil se omite.

Das Nações Unidas à União Europeia, todos protestam contra a prisão arbitrária de Leopoldo López, que faz oposição a Nicolás Maduro 
na Venezuela. Todos – menos nós


A Venezuela está no caminho inexorável para se tornar uma ditadura de fato. No último dia 10, em um arremedo de julgamento, a Justiça do país condenou o líder oposicionista Leopoldo López, dirigente do partido Vontade Popular, a 13 anos, nove meses, sete dias e 12 horas de prisão. López, um economista de 44 anos com mestrado em Harvard, foi um dos mais ferrenhos críticos de Hugo Chávez e o principal promotor da estratégia conhecida como “La Salida”, que pedia a saída do presidente daVenezuela, Nicolás Maduro.

Entre fevereiro e maio de 2014, milhares de venezuelanos protestaram contra o governo pedindo o fim do chavismo. Os protestos, duramente reprimidos pela polícia de Maduro, causaram a morte de 43 pessoas. López e quatro opositores foram acusados de incitar os crimes. Depois de ficar um ano e meio preso sem julgamento, López foi condenado por “promover a perturbação da ordem pública”, “danos à propriedade”, e “associação criminosa”. O advogado de defesa, Carlos Gutiérrez, disse que o julgamento foi repleto de irregularidades, que refletem a “falta de independência” da Justiça venezuelana. López cumprirá a pena na prisão militar de Ramo Verde, em uma cela de 4 metros quadrados, sem luz e isolada na ala solitária do presídio. Diversos organismos internacionais protestaram contra o julgamento de López e manifestaram preocupação com a democracia e os direitos humanos na Venezuela. A subsecretária de Estado dos Estados Unidos, Roberta Jacobson, se mostrou “profundamente preocupada” com a pena. A União Europeia (UE) disse que o processo contra López não foi transparente. Na última Assembleia-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, em maio, o novo secretário-geral da instituição, o uruguaio Luís Almagro, pediu respeito à oposição de ideias no continente. O representante do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad al Hussein, criticou as condições de encarceramento de manifestantes pacíficos pelo governo de Maduro.

ARBITRARIEDADE: Leopoldo López, ao ser preso, em 2014. 
Ele está numa cela sem luz e isolada (Foto: Jorge Silva/Reuters)

Não bastassem as claras violações de direitos humanos na Venezuela, o presidente Nicolás Maduro parece cada dia mais afeito às típicas bravatas de regimes ditatoriais em busca de manobras diversionistas. Desde junho, Maduro mergulhou a Venezuela em conflitos bilaterais com vizinhos, como Colômbia e Guiana. Muitos enxergam nas manobras de Maduro um eco da política externa do general argentino Leopoldo Galtieri. Em 1982, Galtieri invadiu as Ilhas Malvinas com a clara intenção de desviar a atenção da gravíssima crise econômica em que a Argentina mergulhara.

Jovens venezuelanos: apelo a Comissão 
de Relações Exteriores do Senado.

   

A tensão entre Colômbia e Venezuela é cada vez maior. O governo Maduro aumentou o estado de exceção na fronteira entre os dois países. No total, 23 municípios (de 335) estão sob rigorosa vigilância militar. Estima-se que cerca de 20 mil colombianos tenham sido deportados ou abandonado a Venezuela, provocando uma crise humanitária que o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, não esperava encarar em seu segundo mandato. Apesar da pressão de alguns países da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), não há data para uma reunião de emergência entre os presidentes do bloco para discutir o conflito. Santos se dispôs a encontrar Maduro, mas exigiu que os líderes da Unasul “tomem decisões e não apenas tirem fotos”. Tudo isso ocorre em plena campanha para as eleições legislativas na Venezuela, em dezembro. 

Nelas, a oposição ao chavismo seria franca favorita, se houvesse certeza de lisura no processo eleitoral. O que há, porém, é a violência do Estado por toda parte, com a prisão arbitrária de líderes oposicionistas e cidadãos que participam de manifestações; a coação do Legislativo e do Judiciário pelo Executivo; a proliferação das milícias bolivarianas; o controle dos meios de comunicação.

Enquanto Maduro envereda rumo ao radicalismo e a truculência do governo preocupa a comunidade internacional e organismos multilaterais, o Brasil silencia. Trata-se de um mutismo contumaz – e eloquente. Depois de mais de uma década de leniência com os atos tresloucados do regime bolivariano, o Brasil está de mãos atadas para servir como mediador na Venezuela. O governo brasileiro escolheu Nelson Jobim para ser o enviado especial às eleições venezuelanas. Ex-deputado e ex-presidente do Supremo, ele serviu como ministro dos governosFernando Henrique, Lula e Dilma. Jobim esteve na linha de frente para contornar crises anteriores provocadas pelo chavismo. 

Mas, desta vez, a tarefa é inglória. Maduro rejeitou a criação de uma comissão de observadores eleitorais, inviabilizando os planos originais do governo brasileiro para tentar amainar os ânimos na Venezuela. Jobim, o Brasil e nenhuma instituição ou organismo internacional terão mandato para averiguar ou denunciar irregularidades nas eleições. Nesta altura, o Itamaraty teme que qualquer manifestação sua gere uma reação intempestiva de Maduro e até um rompimento de relações da Venezuela com o Brasil. O Brasil abdicou do papel de liderança regional. Hoje, não tem mais instrumentos para influenciar o comportamento do regime venezuelano – que, enquanto isso, prende inocentes.
Missão Ushuaia, Venezuela


Fontes: Revista Época, www.MissaoBolivia.com
Missão Ushuaia, Venezuela. 26/09/2015

“En Venezuela hay gente presa por tener un megáfono”

Carlos Javier, jornalista e escritor, autor de “Testimonios de la represión”  

El periodista y autor del libro “Testimonios de la represión”, Carlos Javier Arencibia, recordó que Raúl Emilio Baduel y Alexander Tirado tienen 550 días presos en cárceles comunes por “portar un megáfono”, según señala la sentencia por la cual los condenaron a 8 años de presidio.

“Nadie puede olvidar a los 73 venezolanos que siguen presos por razones políticas, pues ellos están allí por defender en la calle los derechos de todos. Hoy cumplen 550 días presos Alexander y Raúl Emilio, quienes han sufrido torturas terribles. Ahora mismo se están violando Derechos Humanos, ahora mismo en Venezuela hay gente presa por tener un megáfono”, denunció.

Describió que estos jóvenes fueron detenidos en Maracay el 22 de marzo de 2014, y llevados a la cárcel de Uribana, donde fueron torturados a través de asfixia, aislamiento, maltrato psicológico permanente, y golpizas.

"Fala para fora". Arte: Untalro

Destacó que en “Testimonios de la represión” se describen con crudeza y de forma específica las violaciones de Derechos Humanos a los estudiantes Baduel y Tirado.

“No hay razón alguna, fuera de lo político, para que estas personas estén encarceladas, por lo que ese mero hecho ya constituye una violación de Derechos Humanos. Y si sumamos los tratos crueles podemos determinar cómo critica su situación”, dijo.

Hizo un llamado a los factores políticos de oposición para que no se pierdan solamente en llamar al voto el próximo 6 de diciembre, sino que el proceso de campaña sirva como una forma de lucha por un cambio político definitivo en Venezuela, el cual tiene en la Asamblea Nacional un escalón que debe subirse con firmeza, pero en atención a que no es el último escalón en el proceso democrático y constitucional de cambio.

Missão Ushuaia, Venezuela. 23/09/2015

Brasileira presa na Venezuela usa WhatsApp para pedir socorro à mãe

 
Ana Cassia da Silva Oliveira, de 18 anos, usou WhatsApp para pedir socorro 
à mãe, que mora em Roraima (Foto: Emily Costa/G1)

A brasileira Ana Cássia da Silva Oliveira, de 18 anos, presa na Venezuela desde o dia 8 de setembro usa o aplicativo de mensagens WhatsApp para pedir socorro à mãe, que mora em Boa Vista. A jovem foi presa junto com o marido Kassio da Silva Almeida, de 25 anos, e um amigo deles, Tassio da Silva Correia, de 22. O trio foi flagrado comprando gasolina ilegal em uma casa em Santa Elena de Uairen, o que é considerado crime ambiental no país.

Nas mensagens recebidas pela mãe dela, Marinês Luciana, a jovem diz que teme morrer e pede ajuda: "Eu to na frente da cadeia ja. Ai mãe eu vou morrer (sic)", diz em mensagens enviadas a partir do celular de um guarda venezuelano. Ao ser detida, a brasileira estava com a filha, uma bebê de quatro meses.

"Quando a minha filha foi presa, ela me ligou para que eu fosse buscar a neném, então eu fui para Santa Elena, visitei minha filha em uma cadeia da cidade e consegui trazer a minha neta para Boa Vista, porque ela seria levada para um abrigo. Agora, a bebê está com a avó paterna", contou Marinês,

Tassio da Silva Correia, Ana Cassia da SilvaOliveira e Kassio da Silva Almeida 
estão emum presídio no sul da cidade de Bolivar, segundo a mãe da jovem
(Foto: Arquivo pessoal/Marines Luciana)

"A Ana contou que antes de irem para o presídio, eles foram atendidos por um juiz, que fixou o prazo de 45 dias para que eles sejam ouvidos em audiência", contou Marinês.

Em outras mensagens enviadas pelo WhatsApp à familia, Ana Cassia diz à mãe que a ama e pede que os familiares contatem advogados e consigam a liberação dela, do marido e do amigo deles.

"Agora, contratamos uma nova advogada e estamos enviando dinheiro para ajudá-los. Eu mesma já mandei 5 mil para Ana, porque eles têm que comprar tudo no presídio, desde a água, a comida, o ventilador da cela e pagar pelas mensagens que têm me mandado dos celulares de outras detentas", afirmou.

Uma avó de Ana Cassia também disse ao G1 que desde a prisão dos jovens "diversas autoridades cobraram propina para libertá-los". "Um advogado dizia para a gente que cuidava do caso, mas ele não fez nada além de ficar dizendo que queria 15 mil para tirá-los de lá", disse Elena Carvalho, que denunciou a prisão da neta a uma rádio local.

A avó diz ainda que o casal tinha ido a Venezuela para comprar leite, fraldas e sabão. "Depois de fazerem as compras, eles foram abastecer em uma casa, porque estavam com pressa para voltar. Foi nessa hora que eles foram abordados pela guarda venezuelana e presos em seguida", disse.

Vice-cônsul diz acompanhar caso

Por telefone, o vice-cônsul de Santa Elena de Uairén, Ubirajara Bastos, confirmou que os três jovens foram presos em Santa Elena de Uairén, cidade vizinha ao município de Pacaraima, por comprarem combustível em local não autorizado.

"Essa prática é considerada como crime ambiental no país", reiterou, acrescentando que Ana Cassia, Kassio e Tassio "recebem total assistência das autoridades brasileiras no país". "Quando eles foram presos, um advogado do consulado prestou toda a assistência", garantiu.

O vice-cônsul disse ainda que como os brasileiros foram flagrados cometendo um crime, "as autoridades brasileiras não podem constestar as autoridades venezuelanas. "Cabe ao judiciário da Venezuela julgar o caso. Então, nós não podemos nem opiniar quanto a isso. O nosso papel é oferecer todo o apoio", declarou.

O vice-cônsul comentou ainda que é comum brasileiros irem a Santa Elena de Uairén para abastecer por causa do baixo preço do combustível no país. Por causa disso, dois postos da cidade são autorizados a vender combustível para brasileiros.

"Nesses postos as filas são muito grandes e por isso algumas pessoas decidem se arriscar abastencendo os veículos em casas não autorizadas", afirmou.

O preço médio do litro da gasolina em Roraima é de R$ 3,55 e na Venezuela custa Bs 60 bolívares, o equivalente a R$ 0,40.

A reportagem entrou em contato com o Itamaray, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

Governo aciona Secretaria 

Em nota, a Secretaria de Comunicação Social do Governo do Estado de Roraima informou que a Secretaria Estadual de Assuntos Internacionais (Seai) acompanha o caso junto às autoridades venezuelanas, "para garantir que os brasileiros que foram presos no país vizinho, tenham tratamento adequado e respeitoso, até que o caso seja encerrado".

Fonte: Emily Costa Do G1 RR
Missão Ushuaia, Venezuela. 21/09/2015.

Agora vai: Maduro lança o 'tênis do Chávez'


Em meio a uma grave crise econômica e social, tensões na fronteira com a Colômbia e recebendo críticas mundo afora por ter condenado sem provas um político opositor, o presidente venezuelano Nicolás Maduro apresentou os "tênis de Hugo Chávez". Os calçados esportivos - vermelhos, claro - nada mais são do que uma cópia de um famoso modelo da marca All Star. No lugar da estrela, logo da marca americana, o calçado tem o símbolo do Partido Socialista Unido de Venezuela, o PSUV, que controla o país. Mas enquanto apresentava o 'All Star bolivariano' falsificado, Maduro, que prefere produtos originais, usava uma jaqueta - vermelha, lógico - da multinacional alemã Adidas.

Nicolás Maduro apresenta o "tênis bolivariano da juventude"   
na VTV Venezuela, emissora estatal.

Fonte: Veja, VTV Venezuela
Missão Ushuaia, Venezuela. 18/09/2015

itamaraPTy: "o planalto se calou diante da radicalização chavista"


"Missão Impossível" 

Nelson Jobim será o enviado especial de Dilma às eleições venezuelanas de dezembro próximo. É um excelente nome. Deputado constituinte e presidente do Supremo, ele serviu como ministro com FHC, Lula e Dilma.

Sua autonomia deste governo é conhecida: foi ele quem primeiro alertou sobre sua falta de articulação política. Agora, faz parte do grupo que imagina o pós-Dilma no diálogo PMDB/PSDB.

Jobim já atuou como emissário no passado. Quando Chávez provocou a Colômbia com sua Infantaria, o então ministro pousou na base aérea de Bogotá para costurar uma reação controlada (e sobretudo reversível). Deu certo.

Hoje, as circunstâncias não são boas. O enviado pode ser bom, mas a missão é impossível. O motivo disso é a falta de instrumentos à disposição do governo brasileiro para influenciar o comportamento do regime venezuelano.

Não era para ser assim. Afinal, Lula e FHC trouxeram o chavismo para nossa área de influência por meio de crédito barato, investimento farto e apoio político amplo. Brasília acumulou enorme capital.

Foi tudo gasto quando o Planalto se calou diante da radicalização chavista. O Brasil guardou silêncio quando a polícia ocupou redes de TV e deitou o porrete sobre os estudantes. Nada disse das milícias dedicadas a arrebentar quem ousa se opor ao "projeto cívico-militar". Em vez de criar canais de comunicação com a oposição venezuelana, o governo brasileiro optou por isolá-la.

Nisso, o Planalto teve apoio do grande capital. Quando o chavismo aloprou na repressão aos protestos nos bairros mais pobres de Caracas, Marcelo Odebrecht pediu a palavra. "Vocês podem questionar o que quiserem", disse o empresário, "mas é inequívoco que os objetivos [de Chávez] são nobres".

Nos últimos meses, tudo piorou. O regime cassou o mandato de políticos opositores e prendeu alguns deles para evitar o embaraço de uma eleição competitiva. No embalo, provocou mais uma crise artificial com a Colômbia.

Vídeo 1, para reflexão 

   

Sem opções de política externa sobre a mesa, Dilma concordou em receber a visita de Diosdado Cabello, caudilho com fama de mafioso que tem chance real de derrubar Maduro nas disputas internas do regime. Maduro, por sua vez, rejeitou a criação de uma comissão de observadores eleitorais, inviabilizando os planos originais do Planalto.

Salvo uma reviravolta improvável, Jobim não terá mandato para averiguar ou denunciar irregularidades nas eleições. Tampouco terá insumos para montar uma coalizão internacional possante. Sem isso, pouco poderá fazer para impedir um desfecho cruento.

Tendo dado toda a corda ao vizinho, o Brasil ficou sem meios para pressioná-lo.

Vídeo 2, para reflexão


Fonte: Matias Spektor, Folha de São Paulo
Missão Ushuaia, Venezuela. 17/09/2015.

Maduro decreta estado de exceção em mais 10 municípios da Venezuela

Arte: Untalro

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decretou nesta terça-feira (15) o estado de exceção em mais 10 municípios da fronteira com a Colômbia, quase um mês após a operação contra o contrabando que provocou o fechamento de vários pontos de passagem entre os dois países.

"Decidi ativar as zonas número 4, 5, 6 e 7 da Missão Nova Fronteira de Paz", disse Maduro no programa que faz semanalmente na estatal VTV.

Maduro anunciou a ativação, "de maneira imediata", do estado de exceção e "dos planos especiais", sem detalhar se haverá o fechamento de pontos de passagem nos municípios afetados, nos estados de Apure e Zulia.

O presidente explicou que as zonas 6 e 7 correspondem aos municípios de Páez, Rómulo Gallegos e Pedro Camejo, no estado de Apure, e as zonas 4 e 5 envolvem os municípios de Jesús Enrique Losada, Rosario de Perijá, Machiques de Perijá, La Cañada Urdaneta, Jesús María Semprún, Catatumbo e Colón, todos no estado de Zulia.

Maduro enviou cerca de 3 mil militares aos dois estados, em 7 de setembro passado.

Em Táchira, outro estado da fronteira com a Colômbia, há 5 mil militares estacionados nas zonas de segurança na fronteira.

A tensão entre Venezuela e Colômbia começou exatamente em 19 de agosto, quando Caracas decretou o fechamento de parte da fronteira após um ataque a militares venezuelanos que Maduro atribuiu a "paramilitares colombianos".

Colômbia e Venezuela compartilham uma porosa fronteira de 2.219 km, na qual denunciam a atividade de grupos ilegais que lucram com o contrabando de combustíveis e outros produtos altamente subsidiados pelo governo venezuelano.

Fonte: France Presse
Missão Ushuaia, Venezuela. 16/09/2015.

Deus proverá: arcebispo de Caracas pede sentença mais justa para oposicionista venezuelano


O arcebispo de Caracas, dom Jorge Urosa Savino, pediu uma "sentença mais justa" para Lepoldo López, o líder do partido oposicionista Vontade Popular, condenado por um tribunal venezuelano a 13 anos e nove meses de prisão por incitamento à desordem pública. "A sentença foi incorreta e negativa para o país (...). Não é justo que, simplesmente por promover manifestações pacíficas contra o governo, atribuam a López a culpa de toda uma série de delitos e instigação e crimes", afirmou o arcebispo.

Dom Jorde Urosa disse esperar que uma "sentença mais justa" saia assim que o tribunal analise um recurso de apelação interposto pelos advogados de López. Segundo o o cardeal, o processo teve "muitíssimas irregularidades" e as acusações "não têm fundamento". Ele condenou "a maneira cruel" como o oposicionista vem sendo tratado desde a prisão. "Diz-se que López instigou atos de violência, mas ficou demonstrado que o seu discurso, sendo de oposição, não é violento, é pacífico, no quadro da Constituição e das leis."



O cardeal falou também sobre as pessoas que morreram durante as manifestações de protesto ocorridas no ano passado na Venezuela, afirmando que elas foram atacadas por funcionários do governo e por grupos armados. "Deploro a morte de pessoas inocentes, que não estavam nas manifestações, e de pessoas que foram agredidas por alguns manifestantes. Isso eu condeno."

Relembre: em 2010, Hugo Chávez, ataques ao Arcebispo de Caracas 


Leopoldo López, que está detido há mais de um ano e meio na prisão militar de Ramo Verde, foi condenado na noite de quinta-feira pelos crimes de instigação pública, associação delinquente, danos à propriedade e incêndio na sequência de atos de violência ocorridos no final de protesto convocado por representantes da oposição venezuelana em 12 de fevereiro de 2014. Além de López, foram condenados quatro estudantes, também oposicionistas. Segundo dados não oficiais, em fevereiro do ano passado, pelo menos 42 pessoas foram assassinadas durante os protestos contra o governo do presidente Nicolás Maduro.

Fonte: Agência Brasil, Untal_Ro
Missão Ushuaia, Venezuela. 14/09/2015.


Desestabilização na América Latina: culpa da direita interna e externa, segundo a embaixadora da Venezuela no Brasil.


Fonte: Partido Comunista do Brasil na Câmara
Missão Ushuaia, Venezuela. 14/09/2015.

Dilma Rousseff: “É sempre preferível o ruído da imprensa livre do que o silêncio da ditadura.”


"Venezuela: silêncio de Dilma, é o silêncio dos coniventes" 
Rachel Sheherazade em fevereiro de 2015.

E continua o silêncio sepulcral do Governo brasileiro a respeito das violações de direitos humanos na Venezuela. Semana passada, o ditador Nicolás Maduro mandou prender, sem ordem judicial, o prefeito de Caracas. Espancado pelos capangas de Maduro, Antonio Ledezma foi arrastado para uma prisão militar, sob acusação de "golpismo". Qualquer semelhança com a retórica da esquerda brasileira não é mera coincidência. O PT de Lula e Dilma nunca escondeu sua admiração pelo totalitário Hugo Chávez e sempre flertou com o sistema de governo da Venezuela, uma ditadura disfarçada sob a alcunha de Bolivarianismo, com direito a eleições fraudadas com votos pré-concebidos. Clique no vídeo e confira o comentário.


Missão Ushuaia, Venezuela. 13/09/2015.

UMA DITADURA DE FATO: ‘eleições na Venezuela são a única chave para abrir cela’

Arte: @Untal_Ro

RIO - Para Jesús Torrealba, secretário-executivo da Mesa de Unidade Democrática (MUD), principal coalizão de oposição na Venezuela, a tática do governo Maduro em fechar cerco contra as lideranças opositoras apenas as fortalece. Ele reconhece as dificuldades no combate à união chavista entre Executivo, Legislativo e Judiciário, mas acredita que o governo encara uma crise sem precedentes.

Qual o sentimento da coalizão opositora diante da sentença?

Nossa posição é de absoluto rechaço. A pena máxima para os delitos imputados por esse governo é de 14 anos. E Leopoldo foi condenado a 13 anos e nove meses por um crime em que nada foi provado, sem que conseguissem nenhuma prova concreta, e nenhuma testemunha depôs contra ele. É uma agressão a este país. A sentença só mostra que a Venezuela não tem mais uma Justiça; ela é governada pela vingança. O que é uma péssima notícia para todos os venezuelanos.

López irá recorrer?

Ele irá apelar a todas as instâncias que possa contra a decisão. Mas sabemos que, lamentavelmente, não há separação de Poderes no país, o que, aliás, torna possível sentenças como essa. Mesmo assim, é preciso fazer tudo o que for possível, inclusive recorrendo a organismos internacionais. No fundo, sabemos que a única chave que irá abrir a cela de Leopoldo e dos 78 políticos presos no país são as eleições.

Cerca de 200 pessoas protestaram contra a decisão. Não é um número muito pequeno?

Durante o julgamento, um grupo de pessoas violentas, do oficialismo, agrediu quem protestava, deixando dezenas de feridos. Na Venezuela, protestar não é mais apenas o exercício de dever democrático, mas desafiar a morte. As pessoas não estão só cansadas: entenderam que a única ferramenta crítica que têm é o voto.

Como a oposição deve agir a partir de agora?

Toda a MUD, incluindo López, que fez o pedido logo após a sentença por meio de sua mulher, quer uma resposta pacífica, com firmeza, mas com temperança. Temos a necessidade de lutar para conseguir uma vitória nas urnas, para aprovar enfim uma lei orgânica de anistia e reconciliação. É preciso pensar no contexto em que a Venezuela se encontra: em uma severa crise econômica e social, com desabastecimento grave de alimentos e remédios, uma violência maciça e impunidade crescente. O impacto político dessa crise é visível nas pesquisas, nas quais o governo perde em até 39 pontos percentuais para a oposição, a apenas 87 dias das eleições. Pelo tamanho da desvantagem, Maduro faz tudo que está a seu alcance para reverter uma derrota eleitoral, e até mesmo impedir a realização das eleições.

É uma nova tática do governo?

A condenação, assim como o tema da militarização da fronteira com a Colômbia, faz parte da mesma metodologia. Eles tentam distrair a atenção e, ao mesmo tempo, dividir e desmoralizar a oposição, agredindo o eleitorado opositor, sem sucesso. Na realidade, acaba nos fortalecendo.

Jesus Torrealba, secretário-executivo da MUD, ressalta que estratégia inclui apoio a presos políticos - JUAN BARRETO / AFP


Fontes: O Globo - Mariana Gonçalves, Agências internacionais, Untal_Ro
Missão Ushuaia, Venezuela. 12/09/2015

"Até agora o governo brasileiro nada fez." Escreveu no Facebook o senador Aloysio Nunes, Presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Arte: Untal_Ro

"Condenação de Leopoldo López compromete 
legitimidade das eleições na Venezuela"

Brasília – “A condenação de Leopoldo López por um Poder Judiciário, que carece dos requisitos de independência em relação ao Poder Executivo, compromete a legitimidade das eleições que se aproximam”. Foi assim que o senador e presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), reagiu nesta sexta (11) à notícia de que o político da oposição venezuelana foi condenado a 13 anos e 9 meses de prisão pela justiça daquele país.

Ex-prefeito do município de Chacao, López está detido em uma prisão militar desde fevereiro do ano passado. Ele é acusado pelas autoridades da Venezuela por “incitamento à desordem pública, associação criminosa, atentados à propriedade e incêndio” ao promover manifestações contra a política do presidente Nicolás Maduro.

O tucano afirmou ainda que a condenação de López compromete “a única chance que a Venezuela tem de uma saída democrática e constitucional da crise: eleições para a Assembleia Nacional com um mínimo de legitimidade”. As eleições para o Legislativo venezuelano estão marcadas para o próximo dia 6 de dezembro.

“Nós aqui da Comissão de Relações Exteriores – e o Senado no seu conjunto – várias vezes já nos manifestamos exortando o governo brasileiro a assumir o papel diplomático que lhe cabe da defesa da democracia. Até agora o governo brasileiro nada fez”, disse Aloysio Nunes.

Vídeo reflexão: Missão Ushuaia, Venezuela  

   

Com a decisão, López vai permanecer detido na prisão militar de Ramo Verde, onde está desde 18 de fevereiro de 2014, quando se entregou à justiça.

Em nota divulgada nesta sexta, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) prestou solidariedade à esposa de Leopoldo, Lilian, sua mãe Antonieta e “com todos aqueles que lutam por uma Venezuela democrática e próspera”.

“A sentença, proferida por um judiciário sabidamente submisso aos desígnios do governo Nicolás Maduro, torna cada vez mais distante a perspectiva de que as eleições legislativas, marcadas para dezembro próximo, venham a ocorrer dentro de um ambiente institucional democrático”, declarou o presidente nacional do PSDB. “É inaceitável que o governo brasileiro se mantenha indiferente à situação da Venezuela e de López”.

EUA e Europa criticam condenação de López na Venezuela

O governo dos Estados Unidos, a União Europeia e ONGs de direitos humanos criticaram nesta quinta-feira, 11, a condenação do opositor venezuelano Leopoldo López a 13 anos de prisão, decretada ontem pela Justiça venezuelana. A subsecretária de Estado para a América Latina, Roberta Jacobson, disse estar profundamente preocupada com a sentença. 

"O governo da Venezuela precisa proteger a democracia e os direitos humanos no país", disse a diplomata por meio de sua conta no Twitter. (Continue lendo)

Fontes: Senador Aloysio Nunes, IstoÉ
Missão Ushuaia, Venezuela. 11/09/2015

López é condenado a treze anos e nove meses de prisão pelo regime chavista. Líder opositor da Venezuela é sentenciado junto com três estudantes por envolvimento em protestos em 2014.


CARACAS - Após mais de um ano e meio de manifestações, trocas de acusações e até mesmo uma greve de fome, a Justiça venezuelana decidiu na noite de quinta-feira o futuro do líder opositor Leopoldo López. Acusado de incitação à violência, incêndios criminosos, danos ao patrimônio público e formação de quadrilha durante os protestos contra o governo no início de 2014, que deixaram 43 mortos, López, detido desde fevereiro do ano passado, foi condenado a 13 anos, 9 meses e sete dias de prisão. A sentença foi lida pela juíza Susana Barreiros, após uma longa audiência que teve até mesmo confrontos entre chavistas e oposicionistas do lado de fora do Palácio da Justiça, na capital venezuelana.

Durante o dia, antes da divulgação do veredicto final, o secretário-executivo da Mesa de Unidade Democrática (MUD), coalizão de partidos opositores do país, Jesús “Chúo” Torrealba, afirmou que uma condenação do líder opositor causaria “um grande mal-estar” na sociedade venezuelana.

— Esse mal-estar será expressado de maneira democrática, constitucional e pacífica — afirmou Torrealba, destacando a “oportunidade de ouro” que o governo tinha nas mãos para sinalizar um novo futuro ao país. — O poder não é eterno. Aqueles que hoje julgam podem ser julgados amanhã. Que atuem com base na justiça.

Juntamente com López foram condenados três estudantes envolvidos nos protestos de 2014. Cristian Holdack, sentenciado a dez anos de prisão, poderá cumprir a pena em prisão domiciliar, já que a juíza Berreiros aceitou uma medida humanitária aplicada sobre o estudante há alguns meses. Já Ángel González e Demián Martín também não cumprirão suas penas atrás das grades, já que suas sentenças, de quatro anos, são menores do que a Justiça venezuelana determina como obrigatórias para mantê-los encarcerados. Os estudantes, no entanto, terão de se apresentar aos tribunais a cada 15 dias.

Enquanto o futuro de Leopoldo López era decidido dentro do Palácio da Justiça, na rua, a Praça Diego Ibarra se transformou no mais claro retrato de um país politicamente polarizado, com manifestantes pró-governo e oposicionistas entrando em conflito do lado de fora do prédio.

Horas antes da audiência que decidiria a sentença, um grupo que defendia a libertação do líder do Vontade Popular (VP) entrou em confronto com manifestantes pró-governo que cantavam “Leopoldo, fascista, assassino e terrorista”. Na chegada de Lilian Tintori, mulher de López, chavistas jogaram garrafas e paus em sua direção. Duas mulheres ficaram feridas. O líder opositor chegou no fim da manhã, escoltado por forte aparato policial. Segundo o VP, um de seus ativistas sofreu um infarto e morreu em outro confronto nas imediações. Houve relatos de que ele teria sido agredido.

Vídeo divulgado no canal de Leopoldo López no You Tube: "a cilada contra Leopoldo López".   

   

Outros líderes da oposição venezuelana comentaram os confrontos de ontem. No Twitter, o governador do estado de Miranda, Henrique Capriles, defendeu a liberdade dos presos políticos e criticou o presidente Nicolás Maduro. “Todos os venezuelanos devem rechaçar o que Nicolás mandou fazer no Palácio de Justiça. Este país clama por justiça, e não revanche. Nicolás Maduro e seu grupo espalharam muito lixo por nossa Venezuela, e devemos derrotá-los com a paz, único terreno onde não eles têm chances”.

Jornalistas no local relataram ter sido barrados das imediações do Palácio de Justiça. O dirigente do sindicato da categoria, Marco Ruiz, responsabilizou a liderança do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), de Maduro, pelos atos de violência, e citou os casos de pelo menos quatro profissionais agredidos e roubados durante os protestos. Ruiz também condenou as forças de segurança por não terem contido os enfrentamentos entre os manifestantes.


(Foto): a estudante e candidata independente ao parlamento venezuelano Sairam Rivas, protesta do lado de fora do tribunal, durante o julgamento de López, Sairam passou 132 dias presa em 2014, por protestar contra o governo Maduro. A Comissão de Relação Exteriores do Senado do Brasil, irá ouvir em audiência pública (data a ser definida) a estudante e o escritor venezuelano Carlos Javier Arencibia, ator do livro "Testemunhos da Repressão".  

De acordo com informações liberadas pelo Ministério Público após a revelação do veredicto, López cumprirá sua sentença na prisão militar de Ramo Verde, onde está detido desde que se entregou às autoridades, no dia 18 de fevereiro do ano passado. Em maio ele conseguiu convocar o maior protesto do país desde as manifestações de 2014, a partir de um vídeo vazado de sua cela. No mês seguinte, realizou uma greve de fome de 30 dias para forçar o governo a agendar eleições parlamentares, que foram marcadas para dezembro.

Fontes: O Globo e Agências Intencionais.
Missão Ushuaia, Venezuela. 11/09/2015 

Entenda a importância: órgão da OEA determina que Venezuela devolva concessão à emissora RCTV

Vídeo: imagens dos últimos minutos de transmissão da RCTV

Opa! Acompanhei esta história de muito perto.

A não-renovação da concessão para a RCTV, na Venezuela, foi, à época, uma truculência revestida pelo vernis da legalidade.

Um horror! Uma limitação à liberdade de imprensa.

A Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão da OEA, ordenou agora que o governo venezuelano devolva à rede de televisão Radio Caracas Televisión (RCTV) a frequência que foi cancelada em maio de 2007, considerando que o ato violou o direito à liberdade de expressão, entre outras considerações.

É evidente que isso ocorreu!

A RCTV, por mais que fizesse um jornalismo opositor, não deveria ter sido cassada como foi.

A sentença, emitida em junho passado pela Corte e divulgada só agora, afirma que “uma vez que a restauração da concessão da RCTV for feita, o Estado deverá, dentro de um prazo razoável, ordenar a abertura de um processo aberto, independente e transparente para a concessão de frequência correspondente ao Canal 2 de televisão”, explorado pela RCTV.

Além disso, a decisão assinala que o Estado deve pagar, no prazo de um ano da notificação da sentença, indenizações por danos materiais e imateriais do processo aos acionistas e funcionários.

Apesar da força da decisão, sua eficácia não é clara – em setembro de 2012, a Venezuela denunciou o Pacto de San José, que deu origem ao sistema interamericano de direitos humanos.

De acordo com a CIDH, o fechamento da frequência da RCTV configurou uma “violação do direito à liberdade de expressão, porque foi uma restrição indireta sobre o exercício do mesmo, em detrimento da gestão e alguns trabalhadores” da empresa.

“A decisão de não renovar a concessão tentou silenciar as vozes críticas do governo, que constituem, juntamente com o pluralismo, tolerância e abertura de espírito, as próprias demandas do debate democrático que, justamente, o direito à liberdade de expressão visa proteger”, diz o comunicado.

O tribunal observou que a pluralidade dos meios de comunicação é uma garantia efetiva da liberdade de expressão e que cabe ao Estado proteger e garantir este curso.

Mais antigo canal de televisão da Venezuela, com 53 anos no ar e público em todo o país, a RCTV deixou de transmitir em 27 de maio de 2007, durante o governo do ex-presidente Hugo Chávez.

Fonte: Léo Gerchmann, Território Latino
Missão Ushuaia, Venezuela. 09/09/2015 

Corte Interamericana de Direitos Humanos condena Venezuela a restabelecer sinal da RCTV

Fechamento do sinal da RCTV foi recebido com manifestações 
Miguel Gutierrez Gutierrez / Human Rights Foundation

Mais antiga emissora de televisão do país teve concessão cassada por Hugo Chávez por críticas ao governo

CARACAS - A Corte Interamericana de Direitos Humanos divulgou nesta segunda-feira uma decisão judicial que ordena que a Venezuela restabeleça a frequência da rede de TV opositora Radio Caracas Televisión (RCTV). A exclusão do sinal da emissora mais antiga do país, em 2007, foi amplamente criticada por opositores e grupos de direitos humanos.

“O Estado deverá reestabelecer a concessão da frequência do espectro radioelétrico correspondente ao canal 2 de televisão e devolver os bens que foram retirados das medidas cautelares”, indica a sentença de junho, só agora feita pública.

A RCTV sustentava diante da Corte IDH que foi boicotada pelo governo por fazer transmissões com linha editorial independente, crítica do chavismo. Por sua vez, representantes do presidente Nicolás Maduro, nas audiências da corte, sustentavam que, como a sintonia da RCTV é uma das principais do país, deveria ser utilizada por serviços públicos.

Arte: @Untal_Ro

“Exige-se também que a Venezuela tome as medidas necessárias para garantir que os processos futuros de assinalar e renovar as frequências de rádio e televisão sejam conduzidos de maneira aberta, independente e transparente”, conclui a decisão.

Nem o governo e nem a RCTV se pronunciaram sobre o caso. Enquanto a ex-âncora da rede Ana Virginia Escobar falou em uma "justiça ao final", políticos de oposição celebraram.


"Ganhou a RCTV! O regime não tem desculpa, deve acatar a decisão. O mundo inteiro exige respeito. Aceitaram competir e perderam, e agora pretenderão desconhecer o resultado?", apontou pelo Twitter a deputada cassada María Corina Machado.

Em 2007, o então presidente Hugo Chávez decidiu não renovar a concessão por chamar a rede e “golpista” ao cobrir o golpe de Estado que o derrubou provisoriamente em 2002. Atualmente, a rede vem apresentando sua programação apenas pela TV a cabo, após ser substituída pelo canal Televisora Venezolana Social (TVES).

Em setembro de 2013, a Venezuela se retirou formalmente da Corte Interamericana por divergências com o corpo jurídico da entidade. O país não pode mais ser julgado por fatos que ocorreram desde o período.

Fonte: O Globo e Agências internacionais, @Untal_Ro
Missão Ushuaia, Venezuela. 8/09/2015

Colombianos protestam contra o governo da Venezuela

Homem vestido de Simón Bolívar participa da manifestação 
(Foto: Manuel Hernandez/Reuters )

Manifestantes são contrários ao fechamento da fronteira entre os países.
Faixas pedem "dignidade e respeito aos colombianos"

Centenas de pessoas participaram neste domingo (6) de uma manifestação pela dignidade e pelo respeito aos cidadãos da Colômbia, em resposta à decisão do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de fechar a principal passagem da fronteira entre os países e pela deportação em massa de colombianos.

Vestidos com camisetas brancas ou com as amarelas da seleção colombiana de futebol, os manifestantes, que levavam bandeiras da Colômbia, balões e cartazes, partiram do Templo Histórico de Villa do Rosario, ao lado de Cúcuta, capital do departamento do Norte de Santander, ambas contíguas com as venezuelanas de San Antonio e Ureña, no estado de Táchira.

Ao ritmo de tambores, a multidão, liderada pelo governador do Norte de Santander, Édgar Díaz, iniciou a caminhada atrás de um cartaz que dizia "Pela dignidade e o respeito aos colombianos".

Manifestantes pedem respeito ao país (Foto: Manuel Hernandez/Reuters)

Entre os manifestantes há também venezuelanos, como uma idosa que usava uma camiseta com a frase: "Sou Venezuela, sou Colômbia" e que se protegia do sol com um boné com a bandeira do país vizinho.

"Nós, exilados de Cuba e da Venezuela, condenamos o comunista condenado 'Nicolás Podre', que se diverte dançando cumbia enquanto os pobres que atropelou e deportou sofrem e choram", acusava um cartaz carregado por um homem de uns 70 anos.

O presidente Maduro ordenou em 19 de agosto o fechamento das pontes que comunicam o Norte de Santander com Táchira, o principal ponto de união dos 2.219 quilômetros da fronteira entre Colômbia e Venezuela, como parte de uma estratégia para combater o contrabando e paramilitares.

Fantasia de Simón Bolívar foi um dos destaques do protesto 
(Foto: Manuel Hernandez/Reuters)

Além do fechamento da fronteira, decisão que foi acompanhada de um estado de exceção que já abrange vários municípios do Táchira, a Venezuela deportou pelo menos a 1.355 colombianos que viviam no país e outros 15 mil saíram por atalhos e com seus móveis e utensílios nas costas temendo correr a mesma sorte.

A chegada em massa de colombianos e de alguns venezuelanos que integram famílias mistas obrigou as autoridades colombianas a montar albergues em Cúcuta e Villa do Rosario, e iniciar um plano de ajudas econômicas, trabalhistas e sociais.

O governo colombiano qualificou esta situação como uma "crise humanitária" e pediu a mediação da comunidade internacional para deter as deportações, além da reabertura da fronteira.

Fontes: EFE, G1
Missão Ushuaia, Venezuela. 06/09/15

itamaraPTy: "Itamaraty e Venezuela"


"Caracas deveria aceitar observadores com condições para 
seguir o processo pré e pós-eleitoral" 

O Senado não está de braços cruzados diante da escalada autoritária do governo Maduro. Duas missões de senadores visitaram Caracas em 2015. Participei da primeira, impedida por ação do governo venezuelano de se encontrar com a oposição e visitar presos políticos.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela marcou para dezembro as eleições legislativas, importante reivindicação da oposição. A notícia, divulgada poucos dias depois das visitas dos senadores, acendeu esperanças. Àquela altura, o CNE havia aceitado receber observadores eleitorais da Unasul. Disse o ministro Mauro Vieira ao Senado: “(A presidente do CNE) solicitou uma missão de longo prazo. (...) ela não gostaria que uma missão de observação chegasse quatro dias antes e que não visse nada.”

Agora, o governo Maduro indica aceitar apenas uma missão tardia e limitada. Eleição é processo: tropeços numa etapa podem impedir condições livres e equitativas para o pleito. Não basta ter urna eletrônica e mecanismos sofisticados: o ambiente institucional deve garantir equidade. Com intransigência, Maduro perde antigos aliados. O ex-ministro Celso Amorim lamentou que o Centro Carter tenha encerrado atividades na Venezuela. A respeitável entidade acompanhou eleições naquele país e sua isenção era elogiada por Hugo Chávez.

Esforço liderado pelo Brasil em 2004 permitiu o monitoramento exitoso do referendo revogatório. Em 2002, quando Chávez foi deposto num efêmero golpe, foi o Brasil, no governo FH, que liderou ação coerente e inequívoca em prol da democracia. Hoje, com capital político menor, a presidente Dilma tem mais dificuldade em engajar-se nesse assunto. Ainda assim, o Itamaraty não pode jogar a toalha. Será cobrado pelo Senado.

A Venezuela deveria aceitar observadores com condições para seguir o processo pré e pós-eleitoral. A missão deve chegar a Caracas o quanto antes, sob liderança de pessoa com estatura, autonomia e conhecimento.

No Brasil, a redemocratização nasceu de diálogo que criou expectativas razoáveis de transição no poder e garantias mínimas para quem deixa o governo, inclusive quem participou da repressão. Foi esse o preço pago, e valeu a pena. Tancredo e Ulysses dialogaram com o regime militar, mesmo quando ainda havia presos políticos. Pavimentaram, assim, o caminho para a Anistia e a redemocratização. Oxalá surjam condições para o diálogo entre setores do governo Maduro e a oposição. O chavismo e as correntes democráticas permanecerão no panorama político da Venezuela. Por isso, devem conviver e competir no Estado de Direito.

O Brasil tem recursos diplomáticos para induzir esse diálogo. As eleições na Venezuela devem ser limpas, livres e equitativas, sem opositores presos e barrados. Essa é a condição para que os resultados do pleito possam ser acatados.

Aloysio Nunes Ferreira é senador (PSDB-SP) e presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional,

Fonte: O Globo
Missão Ushuaia, Venezuela. 4/9/2015.